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Papos
— Me disseram…
— Disseram-me.
— Hein?
— O correto é “disseram-me”. Não “me disseram”.
— Eu falo como quero. E te digo mais… Ou é “digo-te”?
— O quê?
— Digo-te que você…
— O “te” e o “você” não combinam.
— Lhe digo?
— Também não. O que você ia me dizer?
— Que você está sendo grosseiro, pedante e chato. […]
— Dispenso as suas correções. Vê se esquece-me. Falo como bem entender. Mais uma correção e eu…
— O quê?
— O mato.
— Que mato?
— Mato-o. Mato-lhe. Mato você. Matar-lhe-ei-te. Ouviu bem? Pois esqueça-o e para-te. Pronome no lugar certo é elitismo!
— Se você prefere falar errado…
— Falo como todo mundo fala. O importante é me entenderem. Ou entenderem-me?
O texto acima é um trecho da obra “Comédias para se ler na escola”, de Luis Fernando Veríssimo. Quem fez a edição deste ano do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) teve que responder à seguinte questão.
Nesse texto, o uso da norma-padrão defendido por um dos personagens torna-se inadequado em razão do(a):
O gabarito é a letra B, e se você continuar a leitura deste post, verá o que uma questão do Enem tem a ver com a comunicação no marketing.
O texto de Luis Fernando Veríssimo tece uma crítica à norma-padrão da Língua Portuguesa. Isso pode ser percebido porque um dos interlocutores exige uma linguagem que não se aplica ao contexto — que é de informalidade, numa conversa entre pessoas próximas.
A norma-padrão é a variedade da língua usada oficialmente e ensinada em escolas e faculdades. Trata-se de uma convenção que estabelece um “padrão” do idioma que pode ser compreendido por pessoas de todo o país.
O problema é que a norma-padrão é vista por muitos como uma variante de mais prestígio — muito em função de ser, teoricamente, a linguagem usada por quem tem maior poder aquisitivo, ou seja, acesso a uma educação de qualidade.
O objetivo da norma-padrão é servir de referência para evitar desvios que descaracterizem o idioma, mas isso não significa que ela deve ser seguida ao pé da letra.
A partir do texto de Luis Fernando Veríssimo, podemos notar que a inadequação da linguagem ao contexto em que ela é usada pode mais atrapalhar do que ajudar na comunicação. E o que isso tem a ver com o marketing? Tudo!
A adequação linguística é a habilidade de adaptar a linguagem de acordo com a situação. Podemos optar pela língua padrão ou pela linguagem coloquial, também chamada de popular. Ambas funcionam bem e cumprem o papel de transmitir a mensagem desejada em contextos diferentes.
É importante reconhecer que o idioma vai muito além das regras definidas pela norma-padrão. Como cada empresa tem seu público-alvo, vale a pena analisar quem são essas pessoas e como elas se comunicam.
Uma marca de cosméticos focada no público mais jovem, por exemplo, tem a liberdade de criar textos e peças gráficas contendo abreviações, contrações e gírias — que são malvistas por quem preza pelo uso da linguagem (dita) culta.
Cada público se identifica com um tipo de linguagem, por isso, é importante conhecer as suas personas e traçar estratégias para falar a mesma língua que essas pessoas.
A definição de personas ajuda no entendimento do seu público, das necessidades dessas pessoas e da melhor forma de se comunicar com elas.
Seu público é mais velho ou mais jovem? Qual é a escolaridade dessas pessoas? São mais homens ou mulheres que consomem os seus produtos/serviços? Tudo isso influencia na forma como a sua empresa vai ser comunicar com essas pessoas.
Enquanto os jovens são mais antenados e se conectam melhor com marcas que têm uma dinâmica mais simples de comunicação — com o uso de linguagem coloquial e memes, por exemplo —, os adultos acima de 40 anos tendem a preferir um discurso mais sério e formal.
O marketing centrado no cliente é o segredo para o sucesso. Levar em conta as demandas, as reclamações, os elogios e os feedbacks de quem consome seus produtos/serviços é a melhor forma de entender os erros e acertos da sua marca — e trabalhar para melhorar cada vez mais a experiência do cliente.
Faça perguntas, peça a opinião dos consumidores da sua marca e escute o que essas pessoas têm a dizer. Redes sociais, e-mails de contato e números de telefone são boas opções de canais de comunicação para interagir com o seu público e criar um bom relacionamento.
São muitas as variações do português: regionais, de gênero, etárias, de grupos sociais… Determinar uma variação como padrão e considerar que somente ela é válida é um equívoco.
Os dicionários e manuais de gramática sugerem, sim, um padrão, mas ninguém precisa (ou é capaz) de segui-lo à risca. Sendo assim, a ideia de “falar errado” cai por terra.
É muito importante prezar pela clareza no discurso, seja ele coloquial, seja ele formal. Analise o contexto, veja quem vai receber a sua mensagem e entenda que a linguagem é adaptável. Um meme não é menos importante do que um artigo opinativo. Se ambos conseguem transmitir a ideia com clareza para o leitor, ambos cumpriram o papel da linguagem.
Se faz mais sentido para a sua empresa ser informal, seja! Se o uso de memes, gifs e figurinhas no WhatsApp é uma boa estratégia de comunicação, por que deixar esses elementos de fora? Se o seu público pede uma análise mais aprofundada de determinado assunto, ofereça artigos ou outros conteúdos explicativos.
Tudo é válido na hora de se conectar com os clientes e oferecê-los uma excelente experiência com a sua empresa!
Bárbara Zdanowsky, Revisora de conteúdos.
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