Dá pra falar de direitos humanos quando se trata de gestão de marcas?

 
Texto por: Bruna Silveira – Graduada em Jornalismo e Mestranda em Comunicação Social pela UFMG 
Toda marca tem uma cara. Toda marca afeta, de alguma forma, os públicos. E, para que esse estímulo seja estrategicamente planejado, as empresas trabalham com a gestão da marca, ou o chamado branding. A partir da criação de afinidades com os consumidores, por meio da identidade da marca, o propósito do branding é incitar sensações, para que o cliente opte pela empresa x em detrimento da y.
E por que é tão fundamental alinhar o branding aos ideias de defesa dos direitos humanos? Talvez a resposta já esteja na concepção de Marty Neumeier sobre marca: “Marca é a percepção íntima, o sentimento visceral de uma pessoa em relação a um produto, serviço ou empresa. É um sentimento visceral porque todos nós somos seres emotivos, intuitivos, apesar dos nossos melhores esforços para sermos racionais. É o sentimento visceral de uma pessoa porque, no final das contas, a marca é definida por pessoas, não por empresas, mercados ou pelo chamado público em geral.”
Cada vez mais, vemos marcas criando personas para si mesmas, incorporando e atuando no  papel de pessoas reais. Então, por que não falar para gente de verdade? De todas as raças, cores, crenças, tamanhos, gêneros, gostos, estilos. Para desempenhar uma gestão de marcas consciente, deve-se pensar sempre que o mundo é feito de interações, de gente lidando com gente. Apesar de a segmentação dos públicos ser de extrema importância para a garantia do sucesso de uma empresa (Leia o artigo “Segmentar o seu público é mais importante do que você pensa”), uma marca deve respeitar TODOS OS PÚBLICOS.
Desde a criação de campanhas de comunicação mais diversas a gestos básicos,  há muito o que se fazer quando falamos em direitos humanos. Podemos pensar em simples condutas, como evitar algumas expressões e posições que possuem caráter ofensivo a determinados grupos. A palavra “denegrir”, por exemplo, dá a entender que tornar algo negro é transformá-lo em ruim, o que soa preconceituoso.  Uma marca que trata a mulher como objeto, seja em suas campanhas publicitárias, ou em textos que pressupõem a superioridade masculina, pode ser considerada machista e até mesmo misógina. Em relação à comunidade LGBTQ, também deve-se agir de maneira cautelosa. Um exemplo é o mau uso do termo “homossexualismo”, que implica uma conotação médica, uma doença. O certo é dizer “homossexualidade”.
Uma boa marca, com uma gestão inteligente, atualizada e conectada, entende que seu posicionamento deve passar longe da incitação ao discurso de ódio. Uma boa marca sabe que a representatividade importa, e muito. Uma boa marca age de forma empática com todos, e, sobretudo, respeita as minorias.
Portanto, a humanização das marcas vai além de uma tendência atual de marketing e de estratégias para o desenvolvimento de sua capitalização . É mais que isso: é olhar para o lado, olhar para o outro, olhar para si e, assim, estar disposto a ser gente que fala pra gente. De gente que garante e apoia o direito de todos. De marca que tem alma, coração e consciência.
 
Referência: Livro The Brand Gap, de Marty Neumeier 
 

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